Num texto publicado no Praia dos Moinhos http://praiadosmoinhos.blogspot.com/ no passado dia 13 de Janeiro de 2009 cuja leitura recomendo vivamente, Fonseca Bastos , com a pertinência e objectividade que caracterizam os seus textos , chama a atenção para o impacto dos empreendimentos turísticos projectados para a Praia dos Moinhos , no espaço das antigas secas de bacalhau , apelando à sua rejeição pela CCDR-LVT.
http://praiadosmoinhos.blogspot.com/2009/01/carta-aberta-ao-presidente-da-ccdr-lvt.html
O tema voltou ontem a ser abordado por Fonseca Bastos no Praia dos Moinhos a propósito da noticia publicada ontem no Jornal Público que associa a aprovação da nova frente ribeirinha de Alcochete ao caso Freeport.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1366268&idCanal=62
Sem querer abordar o tema pantanoso do caso Freeport , não posso deixar de salientar a importância da questão trazida à colação por Fonseca Bastos , apelando antes de mais a todos os responsáveis envolvidos no eventual licenciamento deste projecto que procedam a uma análise criteriosa , fundamentada e sobretudo , livre de quaisquer pressões de índole económica e politica.
Nessa análise recomendo que se tenham em conta algumas premissas que considero essenciais ao licenciamento de qualquer projecto desta dimensão a implementar numa zona tão sensível como é a Praia dos Moinhos em Alcochete.
Antes de mais , e afastando qualquer fundamentalismo ambiental nesta matéria , não podemos olvidar que o turismo se assumiu nas últimas décadas como uma actividade económica vigorosa capaz de contribuir de forma eficaz para o desenvolvimento económico e diversificação das actividades geradoras de riqueza. A capacidade de gerar tais impactos económicos para um qualquer destino turístico, seja uma cidade, uma região,ou um país advém dos seus visitantes, dos respectivos gastos e do efeito multiplicador decorrente da sua presença.
Neste quadro, o desenvolvimento turístico é normalmente associado a alguns benefícios para muitas regiões, contribuindo nomeadamente para a criação de emprego, a criação de oportunidades de desenvolvimento das áreas rurais propiciando um reequilíbrio do território, a construção de novas infra-estruturas e equipamentos , e o aumento da cobrança de impostos.
Que o turismo é uma ferramenta de crescimento da economia de uma região é um dado mais que adquirido, mas a economia é apenas um dos três pilares que o turismo sustenta. Os aspectos sociais, culturais e ambientais são os restantes pilares do desenvolvimento de um destino turístico e são estes que requerem ainda alguma atenção por parte de todos os envolvidos na promoção e licenciamento de projectos como os previstos para a Praia dos Moinhos em Alcochete.
Não podemos esquecer que o turismo tem também as suas consequências negativas, tanto em termos ambientais, como económicos e sociais. De entre este tipo de consequências, destacam-se as seguintes pelo seu potencial de gerar problemas: intensificação da actividade de edificação, sobrepovoamento, competição directa com outros usos do território, a perda ou adulteração de tradições locais, a alteração da estrutura social e dos estilos de vida locais, os impactos paisagísticos, as alterações nos ecossistemas, a contaminação dos recursos naturais.
Se os aspectos positivos constituem uma contribuição valiosa para o desenvolvimento económico e social dos destinos turísticos, devendo ser potenciados os seus efeitos por forma a maximizar os resultados, já muitos, se não mesmo todos os aspectos negativos podem ser mitigados ou mesmo eliminados através de processos de planeamento do desenvolvimento turístico, definindo estratégias de intervenção e aplicando métodos de gestão adequados a cada situação.
Tais processos de planeamento devem assentar na preocupação de sustentabilidade de que fala Fonseca Bastos no supra citado texto publicado no Praia dos Moinhos no dia 13 de Janeiro de 2009.
A sustentabilidade dos territórios é uma causa que tem de ser partilhada e que é da responsabilidade de todos, agentes de desenvolvimento, investidores, incluindo os turísticos, populações e eleitos locais.
Naturalmente, que num tempo marcado por uma forte concorrência, os investidores focalizam a sua acção na tentativa de maximizar os lucros, pelo que, não raramente evitam assumir os custos ambientais decorrentes das suas actividades. No entanto esta é já uma realidade em mudança, muito por causa do crescente grau de consciência ambientalista dos consumidores em geral, e dos utilizadores de serviços turísticos, em particular, procurando as empresas captar a sua preferência, olhando o ambiente como uma nova oportunidade de negócio.
A compreensão e integração dos factores ambientais na gestão das empresas sejam turísticas, ou não, tornou-se assim numa prova de realismo político e económico, constituindo uma prova não apenas de civismo por parte dos gestores, mas também de realismo económico.
A assunção de responsabilidades sociais e sobretudo ambientais por parte dos agentes envolvidos na actividade turística tornou-se numa condição imprescindível para se conseguir alcançar uma imagem de marca turística valorizada.
No que respeita às preocupações de Fonseca Bastos com a sustentabilidade importa não radicalizar o discurso evitando afastar de uma vez por todas a ideia da qualificação turística da Praia dos Moinhos. É que na minha modesta perspectiva , não só a sustentabilidade não é um processo com um final, mas antes, um processo continuado no tempo , como se trata de um conceito demasiado genérico. Assim sendo nem todos os projectos, em todos os lugares , podem ser 100% sustentáveis, embora a maioria, se não todos, podem e devem ser tornados mais sustentáveis do que o são. E os eventuais projectos turisticos para a Praia dos Moinhos não devem fugir a esta regra evitando assim danos irrecuperáveis para a frente ribeirinha de Alcochete.
http://praiadosmoinhos.blogspot.com/2009/01/carta-aberta-ao-presidente-da-ccdr-lvt.html
O tema voltou ontem a ser abordado por Fonseca Bastos no Praia dos Moinhos a propósito da noticia publicada ontem no Jornal Público que associa a aprovação da nova frente ribeirinha de Alcochete ao caso Freeport.
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1366268&idCanal=62
Sem querer abordar o tema pantanoso do caso Freeport , não posso deixar de salientar a importância da questão trazida à colação por Fonseca Bastos , apelando antes de mais a todos os responsáveis envolvidos no eventual licenciamento deste projecto que procedam a uma análise criteriosa , fundamentada e sobretudo , livre de quaisquer pressões de índole económica e politica.
Nessa análise recomendo que se tenham em conta algumas premissas que considero essenciais ao licenciamento de qualquer projecto desta dimensão a implementar numa zona tão sensível como é a Praia dos Moinhos em Alcochete.
Antes de mais , e afastando qualquer fundamentalismo ambiental nesta matéria , não podemos olvidar que o turismo se assumiu nas últimas décadas como uma actividade económica vigorosa capaz de contribuir de forma eficaz para o desenvolvimento económico e diversificação das actividades geradoras de riqueza. A capacidade de gerar tais impactos económicos para um qualquer destino turístico, seja uma cidade, uma região,ou um país advém dos seus visitantes, dos respectivos gastos e do efeito multiplicador decorrente da sua presença.
Neste quadro, o desenvolvimento turístico é normalmente associado a alguns benefícios para muitas regiões, contribuindo nomeadamente para a criação de emprego, a criação de oportunidades de desenvolvimento das áreas rurais propiciando um reequilíbrio do território, a construção de novas infra-estruturas e equipamentos , e o aumento da cobrança de impostos.
Que o turismo é uma ferramenta de crescimento da economia de uma região é um dado mais que adquirido, mas a economia é apenas um dos três pilares que o turismo sustenta. Os aspectos sociais, culturais e ambientais são os restantes pilares do desenvolvimento de um destino turístico e são estes que requerem ainda alguma atenção por parte de todos os envolvidos na promoção e licenciamento de projectos como os previstos para a Praia dos Moinhos em Alcochete.
Não podemos esquecer que o turismo tem também as suas consequências negativas, tanto em termos ambientais, como económicos e sociais. De entre este tipo de consequências, destacam-se as seguintes pelo seu potencial de gerar problemas: intensificação da actividade de edificação, sobrepovoamento, competição directa com outros usos do território, a perda ou adulteração de tradições locais, a alteração da estrutura social e dos estilos de vida locais, os impactos paisagísticos, as alterações nos ecossistemas, a contaminação dos recursos naturais.
Se os aspectos positivos constituem uma contribuição valiosa para o desenvolvimento económico e social dos destinos turísticos, devendo ser potenciados os seus efeitos por forma a maximizar os resultados, já muitos, se não mesmo todos os aspectos negativos podem ser mitigados ou mesmo eliminados através de processos de planeamento do desenvolvimento turístico, definindo estratégias de intervenção e aplicando métodos de gestão adequados a cada situação.
Tais processos de planeamento devem assentar na preocupação de sustentabilidade de que fala Fonseca Bastos no supra citado texto publicado no Praia dos Moinhos no dia 13 de Janeiro de 2009.
A sustentabilidade dos territórios é uma causa que tem de ser partilhada e que é da responsabilidade de todos, agentes de desenvolvimento, investidores, incluindo os turísticos, populações e eleitos locais.
Naturalmente, que num tempo marcado por uma forte concorrência, os investidores focalizam a sua acção na tentativa de maximizar os lucros, pelo que, não raramente evitam assumir os custos ambientais decorrentes das suas actividades. No entanto esta é já uma realidade em mudança, muito por causa do crescente grau de consciência ambientalista dos consumidores em geral, e dos utilizadores de serviços turísticos, em particular, procurando as empresas captar a sua preferência, olhando o ambiente como uma nova oportunidade de negócio.
A compreensão e integração dos factores ambientais na gestão das empresas sejam turísticas, ou não, tornou-se assim numa prova de realismo político e económico, constituindo uma prova não apenas de civismo por parte dos gestores, mas também de realismo económico.
A assunção de responsabilidades sociais e sobretudo ambientais por parte dos agentes envolvidos na actividade turística tornou-se numa condição imprescindível para se conseguir alcançar uma imagem de marca turística valorizada.
No que respeita às preocupações de Fonseca Bastos com a sustentabilidade importa não radicalizar o discurso evitando afastar de uma vez por todas a ideia da qualificação turística da Praia dos Moinhos. É que na minha modesta perspectiva , não só a sustentabilidade não é um processo com um final, mas antes, um processo continuado no tempo , como se trata de um conceito demasiado genérico. Assim sendo nem todos os projectos, em todos os lugares , podem ser 100% sustentáveis, embora a maioria, se não todos, podem e devem ser tornados mais sustentáveis do que o são. E os eventuais projectos turisticos para a Praia dos Moinhos não devem fugir a esta regra evitando assim danos irrecuperáveis para a frente ribeirinha de Alcochete.
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