domingo, 1 de março de 2009

Por favor não nos tirem o rio

«O início das obras ainda está longe, mas as condições estão praticamente reunidas para que os projectos sejam deferidos. Segundo o jornal Público, são três as unidades turísticas que já dispõem de informações prévias aprovadas na frente ribeirinha de Alcochete, entre a zona urbana da vila e a Ponte Vasco da Gama.
Uma delas já dispõe de Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável condicionada, emitida pelo Governo, e os seus projectos de construção já deram entrada na autarquia.
A versão actual dos empreendimentos da Sulway, cujo estudo ambiental esteve em discussão pública no mês passado, contempla um hotel de apartamentos de cinco estrelas na Pescal e um conjunto turístico (hotel de apartamentos e aldeamento turistico) na SNAB, tudo com dois e três pisos.
O primeiro prevê 119 apartamentos (292 camas) e o segundo 81 apartamentos no hotel, 56 apartamentos em banda e 25 moradias (629 camas). Os projectos actuais, que têm pareceres favoráveis de todas as entidades consultadas e compreendem também uma pequena galeria comercial e um espaço museológico, já não são de Capinha Lopes, mas do atelier Diâmetro, com gestão da Riberalves.
Para a antiga Bacalhau de Portugal foi emitida no ano passado a DIA que admite a construção do Praia dos Moinhos Resort, com 64 quartos e suites e 105 apartamentos em três pisos e um único edifício. O projecto, ligado a empresários locais, também começou com Capinha Lopes em 2005, mas está agora com o atelier Semgaffes. Os projectos de obras já estão em apreciação na câmara.»

Fonte: Público e Jornal de Alcochete

A propósito desta noticia sugiro uma nova leitura aos textos que Fonseca Bastos publicou no Praia dos Moinhos e que eu publiquei no Alcochetanidades , para o que disponibilizo os respectivos links:
De qualquer forma , e adivinhando-se a inevitabilidade da concretização daqueles projectos , e sabendo de antemão que nenhum projecto é 100% sustentável , não posso deixar de apelar novamente à necessidade de particular exigência que deve recair sobre os seus promotores no cumprimento de principios de sustentabilidade que já referi anteriormente.
Por outro lado , o licenciamento destes projectos deve necessariamente afastar a normal apetência dos decisores para a privatização daquela zona ribeirinha de Alcochete, perdendo-se ali áreas públicas ribeirinhas nobres de elevado valor económico, que passam a ser destinadas o uso exclusivo de alguns, seja para turismo ou habitação, tornando cada vez mais apertadas as vistas do rio e asfixiando a relação entre a população e o rio, fazendo Alcochete perder valor económico e turístico face a outras localidades circundantes.
Assim deve ser imposto aos promotores destes projectos a colocação de jardins ou áreas públicas com potencial para ser uma zona de atracção de muitas pessoas, com ligação ao rio, para actividades lúdicas ou desportos náuticos, enfim para fruição de toda a população.
Por fim , e não sendo um especialista em arquitectura , deve impor-se uma construção que privilegie os edifícios de pequena , média dimensão, de preferência transparentes (com paredes de vidro), suficientemente afastados da linha de água, bonitos, sóbrios, e completamente enquadrados na envolvente existente.

2 comentários:

  1. Será que com estes três novos complexos turísticos teremos a reedição de uma nova zona , semelhante à do Alfoz?A privação de uma relevante frente de rio consumou-se ali.E quais foram as cedências ao uso e fruição pública?
    Uma mera rampa de acesso ao rio.É suficiente para equilibrar toda a frente ribeirinha e zona do domínio público marítimo entregue a privados?As contrapartidas a favor do interesse geral e do equilíbrio ambiental em projectos desta natureza devem ser muito exigentes.

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  2. Será que vamos ter a reedição de algo semelhante à zona do Alfoz.Quais as contrapartidas que se devem exigir a projectos desta natureza e em nome do interesse geral e do equílibrio ambiental.
    Certamente que não bastará uma mera rampa de acesso ao rio como ali se veio a verificar.
    Importa preservar outros interesses que não os da mera expansão do cimento na zona ribeirnha.

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