quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Imitação barata...

Mal podia imaginar que podia ocorrer em Alcochete um episódio semelhante ao protagonizado por José Sócrates relativamente ao relatório sobre a educação em Portugal , relatório que o Primeiro Ministro afirma ser da OCDE ,mas que todos já perceberam não passar de um relatório encomendado e pago feito à medida do marketing politico do primeiro ministro.
Mas a verdade é que ocorreu.
Não , não é um conto de fadas para criancinhas , nem sequer uma fábula alcochetana. Mas verdade é que podia ser…
É que o Presidente da Câmara de Alcochete , Luís Franco (Dr.) que até há poucos dias mantinha inalterado o seu discurso fatalista que pouco ou nada pôde fazer ao longo de quatro anos de mandato por força da crise económica que assola o mundo à escala global , muda subitamente de discurso (calendário eleitoral a quanto obrigas) e comunica a Alcochete e ao mundo que conseguiu sanear financeiramente a Câmara Municipal de Alcochete , e que finalmente , a poucos meses do final do mandato, está em condições de começar a planear e elaborar!!!!!!!!!!
Trata-se sem dúvida de uma colagem ao melhor estilo do primeiro ministro , e uma declaração sensacional no plano da mais pura demagogia politica , capaz de ombrear com as mais brilhantes tiradas socratianas , como aquelas em que o Primeiro Ministro , contra todas as evidências , ainda apregoava que Portugal era um oásis no panorama internacional em matéria de crise económica.
Chegou então a vez de ser Alcochete o oásis no panorama nacional de endividamento, dificuldades e graves contingências em matéria de gestão autárquica.
Luís Franco (Dr.) arrisca tornar-se um «case study» do sucesso da gestão autárquica , devendo naturalmente , em nome de um espírito de solidariedade autárquica , partilhar com os seus colegas Presidentes de Câmara , o segredo que lhe permitiu de um dia para outro , deixar a retórica da lamentação para passar para a retórica da auto glorificação. E isto tudo sem ter conseguido aprovar qualquer projecto de candidatura da CMA aos fundos do QREN. Fantástico!!!
Diz Luís Franco (Dr.) na edição de hoje do Jornal de Alcochete e citando: « apesar das dificuldades, temos feito um excelente trabalho neste mandato»..
E prossegue: «O actual mandato pode ser caracterizado por três verbos chave, que são Recuperar, Planear e Elaborar. Recuperar a câmara ao nível económico-financeiro, planear os projectos a desenvolver e executá-los…rematou o autarca, não se pense que a câmara deixou estas obras para o último ano do mandato numa perspectiva eleitoralista mas, sim, porque a isso exigiu a tentativa conseguida de recuperação económico-financeira da câmara. »

Ou seja , segundo Luís Franco (Dr.) a Câmara Municipal de Alcochete já não tem problemas financeiros e pode finalmente começar a trabalhar , ao fim de quatro anos e a poucos meses do final do mandato !
Sim , porque quem consegue o que Luís Franco (Dr.) conseguiu , vai também conseguir em meia dúzia de meses planear e elaborar tudo aquilo que deveria ter feito em quatro anos. Ou muito me engano ou 2009 vai ser um ano louco em Alcochete!!!
Já agora sugiro aos camaradas controleiros do PC que diariamente insultam este espaço através de comentários , e que me acusaram , entre outras coisas , de pensar que em Alcochete são todos parolos , que talvez seja melhor acreditarem que afinal quem pensa que em Alcochete são todos parolos é o Sr. Presidente da Câmara.

2 comentários:

  1. Caro Luís Proença,

    A área da Educação é-me cara e sigo com atenção, por esse facto, as notícias que dizem respeito a tal tema. Tive o cuidado de ouvir as declarações de José Sócrates sobre o tal estudo e não o ouvi dizer que o mesmo era da OCDE. Ouvi uma frase um pouco ambígua, dizendo que nunca, em estudo nenhum da OCDE, Portugal tinha visto as suas políticas educativas reconhecidas. Se Sócrates foi ambíguo intencionalmente ou não, acho que nunca saberemos. O que sei é que fazer disto um caso, tipo “o-estudo-que-afinal-não-era-da-OCDE-gate” é um excesso e revela apenas falta de ideias na oposição ao governo.

    Por outro lado, não considero que o governo tenha estado mal ao adoptar um discurso "anti-crise". Espera-se do Estado um papel moralizador e encorajante e não o contrário. Pode não ser por esse discurso que o país fica mais rico, mas certamente não é por causa dele que fica mais pobre. O contrário já não é verdade: lembro-lhe das gravíssimas consequências para o investimento estrangeiro do discurso da "tanga" promovido pelo governo de Durão Barroso.

    Quanto ao endividamento do Município de Alcochete, não posso deixar de referir uma medida emblemática do governo de Durão Barroso (com a qual até concordo): a criação de um tecto de endividamento para as autarquias. Com essa medida, foi necessário avaliar quais as câmaras que já não podiam aceder ao crédito, isto em 2002, ainda. Cerca de 40 concelhos ficaram nessa posição e um deles era o concelho de Alcochete. Até essa altura a gestão PS na Câmara não tinha podido contrair nenhum empréstimo, porque estava a ser introduzido um novo sistema de contabilidade para as autarquias (o famoso POCAL), razão pela qual se pode provar que o tal endividamento excessivo se devia exclusivamente a anteriores gestões.

    O que acontece é que por volta de 2004 (ainda com o governo PSD/CDS) a DGAL (creio que era a DGAL) levantou a proibição de endividamento ao Município de Alcochete, por considerar que tinham sido feitas muitas amortizações (dos empréstimos das anteriores gestões, recordo) e que a sua situação económico-financeira era saudável. Enquanto muitos municípios entravam para a “lista negra”, Alcochete conseguiu ser um dos pouquíssimos concelhos a sair do vermelho: já podia contrair empréstimos.

    Esse cenário manteve-se até ao final do mandato. Ou seja, os empréstimos que a actual gestão camarária efectuou devem-se à gestão equilibrada do anterior executivo. Os relatórios da DGAL provam-no. A conversa da auditoria e do suposto buraco financeiro não representa mais que areia para os olhos dos incautos.

    Quanto à nova postura do actual executivo, faz-me lembrar aquela frase: “agora é que é!” Mas depois nunca é…

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  2. Não sou perito em sondagens, mas prevejo que nas autárquicas de 2009, o PSD em Alcochete, vai ter uma votação muito abaixo do PSD do Engº Carlos Roque (2001) e do PSD da Drª Ester (2005).
    Também não sou parolo nem sou esquecido, e recordo-me bem que o PS de José Inocêncio deixou a Câmara Municipal com divídas que ascendiam a 6 milhões de euros. Estas contas foram auditadas externamente por uma empresa credenciada. E tal como eu fi-lo, a restante população também poderia consultar os dados dessa auditoria.
    Portanto o Miguel Saturnino, assim como existe um Montijo em Espanha, deverá estar a referir-se a uma outra Alcochete espanhola.
    Cumprimentos a todos,
    José Carvalho

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