25 de Abril de 1974. Eu era então aluno da extinta escola primária de Algodeia em Setúbal , cidade onde os meus pais ( minha mãe professora do ensino preparatório à época a leccionar em Palmela e o meu pai um pequeno proprietário agrícola do Ribatejo) se haviam radicado uns anos antes.
As minhas recordações desse dia e dos meses que se seguiram estão bem vivas na minha memória.
Recordo-me vivamente de ver os meus pais festejar alegremente a liberdade e saudar os militares que a devolveram.
Recordo-me de os ver sentados na pequena sala da nossa casa a aplaudir veementemente os discursos de liberdade transmitidos na TV a preto e branco.
Contavam-me , emocionados , que agora o povo era livre.
Mas eis que chegaram os Fernandos Manueis…
Os Fernandos Manueis eram hordas de homens sisudos vestidos à civil , de G3 em punho e braçadeira ostentando a foice e o martelo.
Recordo-me vivamente das duas vezes em que os Fernandos Manueis nos entraram pela casa à dentro depois de jantar , aos gritos furibundos , revirando tudo à procura de algo que nos pudesse associar «aos reaccionários fascistas» , ameaçando que da próxima vez que voltassem era para nos tirar tudo.
Recordo-me das inúmeras vezes que os Fernandos Manueis , ostentando a foice e o martelo nos seus braços , obrigaram a minha mãe a parar o carro quando me levava para a escola. Obrigavam-nos a sair. Os Fernandos Manueis revistavam o carro e a minha mãe . Invariavelmente despejavam-lha a mala espalhando tudo pelo chão , chamando-a de fascista e reaccionária quando deparavam com uma simples caixa de pó de arroz ou com um baton para os lábios.
Recordo-me dos Fernandos Manueis em histeria quando um deles deparou com uma espingarda de fulminantes que me haviam oferecido e que estava na bagagem do carro dos meus pais.
Lembro-me dos os ver aos urros gritando «armas» , «armas» e de ver o meu pai a gritar «é de brincar senhores..é de brincar senhores.»
Como tudo que passa a ser rotina acabámos por nos habituar aos Fernandos Manueis de foice e martelo num braço e G3 no outro.
Recordo-me como se fosse hoje de ver um dos Fernandos Manueis , de braçadeira com a foice e o martelo num braço e uma bandeira verde e encarnada na mão. Era a bandeira nacional em que a esfera armilar fora substituída pela foice e martelo. Estava na Praça do Bocage com a minha mãe. Os Fernandos Manueis queriam hasteá-la nos Paços do Concelho em vez da bandeira nacional. Anos mais tarde percebi que aquele dia tinha sido o 11 de Março de 1975.
Os meses passaram e os Fernandos Manueis foram desaparecendo. Julgava-os extintos.
Mas não. Eis que ressurgem de um passado longínquo , com toda a fúria , destilando ódio , entre insultos e acusações ao autor do Alcochetanidades e aos seus textos.
Afinal eles ainda andam por aí...
As minhas recordações desse dia e dos meses que se seguiram estão bem vivas na minha memória.
Recordo-me vivamente de ver os meus pais festejar alegremente a liberdade e saudar os militares que a devolveram.
Recordo-me de os ver sentados na pequena sala da nossa casa a aplaudir veementemente os discursos de liberdade transmitidos na TV a preto e branco.
Contavam-me , emocionados , que agora o povo era livre.
Mas eis que chegaram os Fernandos Manueis…
Os Fernandos Manueis eram hordas de homens sisudos vestidos à civil , de G3 em punho e braçadeira ostentando a foice e o martelo.
Recordo-me vivamente das duas vezes em que os Fernandos Manueis nos entraram pela casa à dentro depois de jantar , aos gritos furibundos , revirando tudo à procura de algo que nos pudesse associar «aos reaccionários fascistas» , ameaçando que da próxima vez que voltassem era para nos tirar tudo.
Recordo-me das inúmeras vezes que os Fernandos Manueis , ostentando a foice e o martelo nos seus braços , obrigaram a minha mãe a parar o carro quando me levava para a escola. Obrigavam-nos a sair. Os Fernandos Manueis revistavam o carro e a minha mãe . Invariavelmente despejavam-lha a mala espalhando tudo pelo chão , chamando-a de fascista e reaccionária quando deparavam com uma simples caixa de pó de arroz ou com um baton para os lábios.
Recordo-me dos Fernandos Manueis em histeria quando um deles deparou com uma espingarda de fulminantes que me haviam oferecido e que estava na bagagem do carro dos meus pais.
Lembro-me dos os ver aos urros gritando «armas» , «armas» e de ver o meu pai a gritar «é de brincar senhores..é de brincar senhores.»
Como tudo que passa a ser rotina acabámos por nos habituar aos Fernandos Manueis de foice e martelo num braço e G3 no outro.
Recordo-me como se fosse hoje de ver um dos Fernandos Manueis , de braçadeira com a foice e o martelo num braço e uma bandeira verde e encarnada na mão. Era a bandeira nacional em que a esfera armilar fora substituída pela foice e martelo. Estava na Praça do Bocage com a minha mãe. Os Fernandos Manueis queriam hasteá-la nos Paços do Concelho em vez da bandeira nacional. Anos mais tarde percebi que aquele dia tinha sido o 11 de Março de 1975.
Os meses passaram e os Fernandos Manueis foram desaparecendo. Julgava-os extintos.
Mas não. Eis que ressurgem de um passado longínquo , com toda a fúria , destilando ódio , entre insultos e acusações ao autor do Alcochetanidades e aos seus textos.
Afinal eles ainda andam por aí...
Sou do tempo em que não andavamos de pópó, mas sim descalço e com o ranho nas ventas, a fugir dos perseguidores dos Fernandos Manueis!
ResponderEliminarMuito feliz me recordo por terem aparecido os nossos salvadores, os tais Fernandos Manueis!
O autor deste bolg, fala, critica, estrabucha, mas não emite provas de nada!
Mostre as provas que teve acesso, que referem que as candidaturas da Câmara ao QREN, foram regeitadas por incompetência!
Mostre os comentários dos Fernandos Manueis, que andam por ai....
Terei percebido, neste texto, que o autor deste blog, gostaria que não tivesse existido o 25 de Abril de 1974?
Será que o autor deste blog faz censura?
Será que só publica os comentários que lhe são politicamente favoráveis?
Grande democracia esta...
Já agora, numa manifestação de liberdade de expressão, agradeço que publique este meu comentário.
Se faz favor e obrigado!
Carlos Cruz
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«moderador»
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