quarta-feira, 8 de abril de 2009

Subsidios ou «cheques eleitoraliços»?

A edição de hoje (08.04.2009) do Jornal de Alcochete noticia que a Câmara Municipal de Alcochete vai atribuir subsídios a quatro colectividades do concelho, no valor de cerca de quatro mil euros, no âmbito do Regulamento de Apoio ao Movimento Associativo da Autarquia. Ao Rancho Folclórico “Os Camponeses de S. Francisco” foi atribuído mil e quinhentos euros, o mesmo valor foi atribuído ao Grupo Desportivo da Fonte da Senhora. O Clube Taurino de Alcochete o Vulcanense Futebol Clube irão receber 400 euros cada um.
Ver: http://www.jornaldealcochete.com/content/view/1807/68/
Esta noticia traz novamente à colação a questão dos subsídios ao associativismo que tem sido abordada de forma recorrente , quer no Alcochetanidades quer no Praia dos Moinhos.
Na minha perspectiva pessoal , e repito pessoal , o contributo mais importante que uma autarquia pode dar ao movimento associativo do seu concelho é o apoio estratégico e não financeiro, como irei fundamentar abaixo.
Não cairei em contradição se afirmar que fazem falta mais e mais associações…mas só fazem falta se forem inovadoras e interventivas, seja qual for a área de actividade e o local da sua sede. Por exemplo, na área social é urgente que sejam lançadas associações para cuidar da 3ª idade, em particular na ocupação dos seus tempos livres e na rentabilização social, económica e cultural da sua experiência de vida, sem resumir o essencial desta acção social a criar e manter os armazéns de velhos e acamados em que se transformaram os lares de idosos.
Na área cultural, faltam novas associações, ou a transformação das existentes, que orientem as suas actividades para provocar e moldar novas mentalidades e não apenas ir ao encontro da moda e do trivial.
Nas áreas desportiva e recreativa, procuro e não encontro quase nenhuma Associação que leve os cidadãos para a rua, para o parque, para o campo, para a cidade, para os rios, em vez de os instalar na bancada, no sofá ou de os atirarem para os corredores dos hipermercados.
A natureza bafejou o concelho de Alcochete com uma riqueza ambiental que causa inveja a quem nos visita e conhece. Mas é preciso que este património natural seja reconhecido internamente e utilizado a favor da nossa qualidade de vida. Nesta área, o associativismo tem muito para dar e para ganhar.
Os responsáveis associativos devem pedir ou mesmo exigir que a Câmara Municipal nos proporcione rio ou acesso ao rio (mar como soi dizer-se em Alcochete), que nos ajude com formação para dominar as técnicas apropriadas, que nos apoie na aquisição ou nos empreste apetrechos e instrumentos, mas que não vá pelo caminho mais fácil de nos dar o peixe, como tem sido a política municipal exclusiva ao longo de 30 anos em Alcochete.
Nada tenho contra o facto das bandas necessitarem de milhares de euros anuais, mas não estou de acordo que essa factura caia exclusivamente na Câmara Municipal.
Pela mesma lógica do subsidio , os clubes desportivos e recreativos vão resolvendo os seus problemas.
Sendo certo que cada actividade possui aspectos peculiares, também é verdade que , como reza o ditado, «quem não tem barriga para caldo não vai para o convento» e, por exemplo, se um festival de folclore apenas custa dinheiro e não tem receitas, o grupo de folclore não pode esperar o «socorro» da Câmara Municipal.
Antes de mais, cada associação deve questionar-se sobre o modelo organizativo das suas iniciativas e plano de actividades, e sobre a sua capacidade mobilizadora de muito e muito público e não apenas os grupos participantes que se vêem e apoiam mutuamente e alguns familiares que os acompanham.
Pessoalmente defendo que as colectividades não devem ser subsídio-dependentes, organizando o seu quadro de actividades apoiado nas receitas próprias que cada uma delas proporciona.
Se as associações existem para concretizar um projecto ou uma missão, terão necessariamente um conjunto de produtos para vender ou de serviços para prestar que proporcionam rentabilidade e cobre o essencial dos encargos.
Em alternativa ao cheque eleitoraliço e partidarizável, é fundamental que a Câmara Municipal de Alcochete disponibilize apoios e condições locais para que os produtos culturais e a prestação de serviços sociais, recreativos e desportivos sejam a fonte de receita fundamental para as associações.
Aqui vão algumas Propostas para não dizerem que critico sem propor alternativas: A formação, as infra-estruturas e os equipamentos para uso comunitário, a organização de projectos inter-associativos, a promoção da imagem externa, o incentivo à criatividade e à inovação, a disponibilização de serviços internos da autarquia e o seu envolvimento nos projectos relevantes, em particular quando resultam da cooperação e da parceria.
O próprio fomento do inter-associativismo é uma área que deverá merecer atenção e investimento por parte da autarquia, seja a nível municipal, seja nas freguesias, através da organização de projectos conjuntos, em parceria e não apenas de projectos apoiados.
Contudo temo bastante que estas propostas caiam em saco roto.
É que o problema de Luís Franco e da CDU em Alcochete não é bem o da subsidio-dependência, nem tão pouco acabar com ela.Aliás olhando para a sua gestão nunca poderia ser conforme provam os números do Orçamento camarário para 2009 que aumentou em quase 540% a dotação orçamental destinada a subsidiar o associativismo.
O problema de Luís Franco e da CDU, aquilo que os determina em Alcochete , é exactamente o contrário.

O que move a CDU em Alcochete é construir, instalar e impor uma subsidio-dependência que compre fidelidades políticas e eleitorais.

6 comentários:

  1. O meu amigo tem razão. Eu cá não sou cego.

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  2. Isto é não conhecer Alcochete. Já agora onde estava o JMarafuga no 25 de Abril? Eu estava em Alcochete.

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  3. Sobre o comentário anterior de Carlos Pimenta.
    Publiquei este comentário porque apesar de nada trazer de novo ao debate sobre Alcochete , nem aportar qualquer critica construtiva , sustentando-se na mesma permissa minimalista-destrutiva dos que habitualmente discordam do que aqui se escreve , não é insultuoso , nem vilependia quem aqui escreve e comenta.
    Quanto à pergunta formulada , e apesar de não se dirigir directamente ao autor do blogue , não prescindo referir que é mais do mesmo quanto à dmania do PC em achar que o 25 de Abril é só dele.
    Uma espécie de propriedade privada. Água mole em pedra dura, tanto se martela que até se torna verdade.
    O 25 de Abril é desde sempre aproveitado aproveitado por uma certa esquerda para uma uma tentativa de apropriação da sua memória.
    Ao Carlos Pimenta sugiro a leitura do livro de Zita Seabra intitulado «Foi Assim».

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  4. Eu estava na Guiné a cumprir serviço militar obrigatório.

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  5. Eu ainda não tinha nascido, o que, pela lógica, e dada a ausência de pseudo-medalhas na luta contra o fascismo, fará de mim um porco capitalista, imperialista e pró-globalização.

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  6. Miguel, esta tua está de morte!
    No dia 25 de Abril de 1974, de facto, eu estava na Guiné, só regressando em Junho ou Julho desse ano.
    Quando me deram a notícia, entrava eu no refeitório do quartel de Bambadinca para almoçar, enchi-me de alegria. Esta foi um bocado tolhida quando cheguei a Portugal, pois, na altura, devido à minha ingenuidade política, fez-me muita confusão ver muitos dos situacionistas do anterior regime que eu conhecia metidos no PC local.
    Eu tinha que esperar quase trinta anos para me livrar definitivamente de todas as minhas ilusões de esquerda.

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